POESIA, ARTE, DESIGN E EVENTOS

Quadrilha

Uma das datas comemorativas que mais gosto é o São João, aprecio a festa por ser decontraída e ingênua, um momento onde a cultura da roça se manifesta nos diversos lugares.
Eu estava pensando sobre isto nos ultimos dias...
Será que esta festa não tá virando mais um evento meramente comercial?
Não quero ser extremista, a parte comercial também é importante, movimenta economia, turismo, etc... (Alguém acaba ganhando, tem o seu lado bom).
Percebe-se que nossa sociedade (contemporânea, globalizada), tem seu modo próprio de reapresentar e adaptar as coisas do passado mesclando com o presente, destroi um pouco ali (o que acha desnecessário), reconstrói aqui com alugmas interferências, de modo globalizado, tecnologico, inovações... Mas e a tradição? (esta eu não sei para onde vai)
Tava vendo o caso das Quadrilhas Juninas, a origem da dança foi na Europa, os nobres portugueses trouxeram para o Brasil, o povo Brasileiro começou a imitá-los, eis o motivos dos passos (que tem nomes franceses), das roupas engraçadas (o povo não tinha condições de manter o mesmo glamour dos nobres então adaptava a moda da corte com tecidos populares, por isto se usa o tecido chita). Houve períodos em que o país era essencialmente rural, as quadrilhas eram dançadas por diversão, como festejo às colheitas e outras festas (inclusive casamentos). Quando eu descobri estes detalhes, passei a olhar a quadrilha e a própria festa de São João de maneira diferente. (Bem parecido com a atualidade para não dizer o contrário)
Comparando com os tempos atuais, pra começar, é difícil de encontrar uma quadrilha pra dançar só por diversão, ainda deve ter em alguns pequenos arraiás, mas a maioria dança por apresentação. Recentemente fui para um festival de quadrilha, são belíssimas as roupas, os passos e tudo mais, porém pouco tem a ver com a tradição em si.
Hoje em dia chamam de quadrilha estilizada, inventam e acrescentam coisas, inserem diversos elementos que não tem nada a ver, andei conversando com uma amiga que participava de uma quadrilha deste tipo e descobri que eles ensaiam durante seis meses, 4 vezes por semana, 4 horas por dia, e gastam mais ou menos R$1.200,00 com a roupa.
Não tenho a intenção de avaliar o que é melhor ou pior, existem muitas outras peculiaridades interessantes que as pessoas desconhecem. Apenas trouxe uma observação para que nos questionássemos mais sobre o que conhecemos da nossa cultura, assim como as quadrilhas, muitas outras coisas vem sofrendo transformações e sequer percebemos.

Abaixo uma poesia que fala de outro tipo de quadrilha, (uma quadrilha que acontece muito na vida real).


Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim
que amava Lili que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos,
Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e
Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade


Edição da Imagem no Photoshop

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Quem sou eu

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Amanda Nunes é meu nome. Moro em uma cidade linda, uma das capitais mais verdes do mundo: João Pessoa, Paraíba, Brasil. Tenho uma linda família, sou esposa de Roberto, mãe de Calebe e Débora. Sou professora de Arte no IFPB Campus Santa Rita. Amante das artes. Aprendiz da vida. Poeta anônima. Estudante eterna das coisas que me interessam. Vivendo eventos a cada dia. Graduada em Educação Artística pela UFPB e Tecnóloga em Design de Interiores pelo CEFET-PB. Fiz especialização em Gestão de Pessoas pela FASP. Atualmente faço mestrado em Ciências da Eduação na UAA (Universidade Auntônoma de Assunção no Paraguai).

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